Folha Paroquial 31.03.2024 — Domingo de Páscoa da Ressurreição do Senhor — Ano B

Missa

 Domingo de Páscoa


ANTÍFONA DE ENTRADA Cf. Sl 138, 18.5-6

Ressuscitei e estou convosco para sempre; pusestes sobre mim a vossa mão: é admirável a vossa sabedoria.


Ou

Cf. Lc 24 , 34; cf. Ap 1, 6 O Senhor ressuscitou verdadeiramente. Aleluia. Glória e louvor a Cristo para sempre. Aleluia.

Diz-se o Glória.


ORAÇÃO COLETA

Senhor Deus do universo, que, neste dia, pelo vosso Filho unigénito, vencedor da morte, nos abristes as portas da eternidade, concedei-nos que, celebrando a solenidade da ressurreição de Cristo, renovados pelo vosso Espírito, ressuscitemos para a luz da vida. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.



Leitura I Act. 10, 34a, 37-43

Diante de pagãos, em casa do centurião Cornélio, Pedro anuncia o que já lhes havia chegado aos ouvidos: Cristo ressuscitou! E, completando aquela «boa notícia», garantindo, com o seu testemunho pessoal, a verdade dos acontecimentos daqueles dias, o Apóstolo explica-lhes o que eles querem dizer:

– Jesus de Nazaré, homem que viveu como eles e com Quem Pedro convivera, não é um simples homem. Ungido do Espírito de Deus, tem a plenitude de Deus em Si. Ele é o Messias, o Filho de Deus, como o demonstrou pelos milagres por ele mesmo presenciados e, sobretudo pelo milagre definitivo – a Ressurreição.

Pela Ressurreição, de que Pedro é testemunha, Jesus de Nazaré é o Juiz dos vivos e dos mortos, é o Salvador de todos os homens, judeus ou pagãos.


Leitura dos Atos dos Apóstolos

Naqueles dias, Pedro tomou a palavra e disse: «Vós sabeis o que aconteceu em toda a Judeia, a começar pela Galileia, depois do batismo que João pregou: Deus ungiu com a força do Espírito Santo a Jesus de Nazaré, que passou fazendo o bem e curando a todos os que eram oprimidos pelo Demónio, porque Deus estava com Ele. Nós somos testemunhas de tudo o que Ele fez no país dos judeus e em Jerusalém; e eles mataram-n’O, suspendendo-O na cruz. Deus ressuscitou-O ao terceiro dia e permitiu-Lhe manifestar-Se¬, não a todo o povo, mas às testemunhas de antemão designadas por Deus, a nós que comemos e bebemos com Ele, depois de ter ressuscitado dos mortos. Jesus mandou-nos pregar ao povo e testemunhar que Ele foi constituído por Deus juiz dos vivos e dos mortos. É d’Ele que todos os profetas dão o seguinte testemunho: quem acredita n’Ele recebe pelo seu nome a remissão dos pecados».

Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial Sal. 117(118), 1-2, 16ab-17, 22-23

Refrão: Este é o dia que o Senhor fez:

exultemos e cantemos de alegria. Repete-se

Ou: Aleluia. Repete-se


Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom,

porque é eterna a sua misericórdia.

Diga a casa de Israel:

é eterna a Sua misericórdia. Refrão


A mão do Senhor fez prodígios,

a mão do Senhor foi magnífica.

Não morrerei, mas hei de viver,

para anunciar as obras do Senhor. Refrão


A pedra que os construtores rejeitaram

tornou-se pedra angular.

Tudo isto veio do Senhor:

e é admirável aos nossos olhos. Refrão



Leitura II Col. 3, 1-4

Pelo seu Batismo, o cristão morreu para o pecado e ressuscitou com Cristo para uma vida nova. Desde esse momento, recebeu a missão de, à semelhança de Cristo, conduzir os homens e todas as coisas para o Pai. Inserido nas realidades divinas, não pode alhear-se do mundo, nem ficar indiferente aos esforços dos homens relativamente à construção dum mundo de felicidade, justiça e paz. Inserido nas realidades da terra, não pode encerrar-se no mundo, trabalhando só para fins terrenos, esquecido do destino final do homem e do mundo. Feito nova criatura pela Ressurreição de Cristo, o cristão viverá a vida de cada dia, sem perder de vista o fim superior, para que foi criado.


Leitura da Epístola do apóstolo S. Paulo aos Colossenses

Irmãos: Se ressuscitastes com Cristo, aspirai às coisas do alto, onde Cristo Se encontra, sentado à direita de Deus. Afeiçoai-vos às coisas do alto e não às da terra. Porque vós morrestes e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus. Quando Cristo, que é a vossa vida, Se manifestar, então também vós vos haveis de manifestar com Ele na glória.

Palavra do Senhor.

SEQUÊNCIA PASCAL

À Vítima pascal

Ofereçam os cristãos

sacrifícios de louvor.

O Cordeiro resgatou as ovelhas:

Cristo, o Inocente,

reconciliou com o Pai os pecadores.

A morte e a vida

travaram um admirável combate:

depois de morto,

vive e reina o Autor da vida.

Diz-nos, Maria:

Que viste no caminho?

Vi o sepulcro de Cristo vivo,

e a glória do ressuscitado.

Vi as testemunhas dos Anjos,

vi o sudário e a mortalha.

Ressuscitou Cristo, minha esperança:

precederá os seus discípulos na Galileia.

Sabemos e acreditamos:

Cristo ressuscitou dos mortos:

Ó Rei vitorioso,

tende piedade de nós.



ACLAMAÇÃO AO EVANGELHO I Cor 5, 7b-8a

Refrão: Aleluia. Repete-se

Cristo, nosso Cordeiro Pascal, foi imolado: celebremos a festa do Senhor. Refrão



Evangelho Jo 20, 1-9

Pedro e João, juntamente com Madalena, são as primeiras testemunhas do túmulo vazio, naquela manhã de Páscoa. Não foi, porém, muito facilmente que eles chegaram à conclusão de que Jesus estava vivo. A sua fé será progressiva, caminhará entre incredulidade e dúvidas. Só perante as ligaduras e o lençol, cuidadosamente dobrados, o que excluía a hipótese de roubo, se lhes começam a abrir os olhos para a realidade. No seu amor intuitivo, João é o primeiro a compreender os sinais da Ressurreição. Mas bem depressa Pedro, que, não por acaso mas intencionalmente, ocupa o primeiro lugar e nos aparece já nesta manhã como Chefe do Colégio Apostólico, descobre a verdade, anunciada tão claramente pela Escritura e pelo mesmo Jesus. Depois, em contato pessoal com o Ressuscitado, a sua fé tornar-se-á firme como «rocha» inabalável.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo S. João

No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi de manhãzinha, ainda escuro, ao sepulcro e viu a pedra retirada do sepulcro. Correu então e foi ter com Simão Pedro e com o outro discípulo que Jesus amava e disse-lhes: «Levaram o Senhor do sepulcro e não sabemos onde O puseram». Pedro partiu com o outro discípulo e foram ambos ao sepulcro. Corriam os dois juntos, mas o outro discípulo antecipou-se, correndo mais depressa do que Pedro, e chegou primeiro ao sepulcro¬. Debruçando-se, viu as ligaduras no chão, mas não entrou. Entretanto, chegou também Simão Pedro, que o seguira. Entrou no sepulcro e viu as ligaduras no chão e o sudário que tinha estado sobre a cabeça de Jesus, não com as ligaduras, mas enrolado à parte. Entrou também o outro discípulo que chegara primeiro ao sepulcro:¬ viu e acreditou. Na verdade, ainda não tinham entendido a Escritura, segundo a qual Jesus devia ressuscitar dos mortos.

Palavra da Salvação.

Meditaçaõ da Palavra de Deus

Este é o dia que fez o Senhor

A ressurreição de Jesus – a nova criação – anunciada de modo muito sóbrio e discreto diante de um túmulo vazio, acontece no dia a seguir ao sábado, o oitavo dia, dia da nova criação. Mais tarde, passa a chamar-se, já no livro do Apocalipse, o Dia do Senhor, o Domingo. «Este é o dia que fez o Senhor! exultemos e cantemos de alegria». Sim, foi o Senhor que fez este dia, vencendo a morte para sempre e dando-nos uma nova esperança. Se todo o fenómeno cristão tem neste túmulo vazio a sua génese, a força centrífuga do seu anúncio, é normal que este dia seja nuclear para nós, os discípulos d’Ele. Assim, a Páscoa cristã passou a ser uma festa semanal. Acontece todos os domingos, naquele dia que o Senhor fez. Neste dia reunimo-nos para celebrar a sua presença viva e gloriosa no meio de nós, lembrando-nos o que Ele passou, sobretudo a sua morte, mas também «tudo o que aconteceu em toda a Judeia, a começar pela Galileia, depois do batismo que João pregou» (1ª leitura). Os textos bíblicos que ouvimos neste Domingo de Páscoa colocam-nos o acontecimento da ressurreição de Jesus em três tempos e dimensões diferentes.

O 1º tempo é o da explosão, do “big bang”, do acontecimento da ressurreição de Jesus. O evangelista apresenta-nos o espanto dos Apóstolos diante do túmulo vazio que lhes levanta um grande questionamento. Maria Madalena, a primeira a ir ao sepulcro e a descobri-lo vazio, não pensa na ressurreição. Foi dizer aos discípulos: «Levaram o Senhor e não sei onde o puseram». Para ela, a primeira impressão que teve é que o cadáver de Jesus tinha sido roubado. Pedro, o primeiro a entrar no sepulcro, viu as ligaduras e a forma como estavam, que o deixou perplexo, mas não foi suficiente para chegar à conclusão de que o crucificado tinha ressuscitado. Só o discípulo amado diz que viu e acreditou. A importância deste texto consiste em mostrar-nos o caminho lento que os apóstolos foram fazendo para chegar à conclusão de que Cristo estava ressuscitado e dificilmente lá chegariam se, depois desta surpresa do túmulo vazio, não se tivessem dado as aparições de Jesus que irão ajudar os apóstolos a abrir-se à fé na ressurreição.

O 2º tempo é-nos relatado pela primeira leitura, nos Atos dos Apóstolos. Pedro, a primeira

testemunha da ressurreição, torna-se, com os outros apóstolos, o primeiro anunciador intrépido, até ao martírio, do acontecimento que também o transformou a ele e aos outros apóstolos. «Nós somos testemunhas de tudo o que Ele fez no país dos judeus e em Jerusalém; e eles mataram-n’O, suspendendo-O na cruz. Deus ressuscitou-O ao terceiro dia e permitiu-Lhe manifestar-Se, não a todo o povo, mas às testemunhas de antemão designadas por Deus, a nós que comemos e bebemos com Ele, depois de ter ressuscitado dos mortos». Depois anuncia que, agora, quem receber o seu anúncio e acreditar nele receberá, em nome de Jesus, a remissão dos pecados. Este é o dinamismo da fé cristã. No princípio houve um acontecimento que se transformou em anúncio. E este anúncio, acolhido, veio a tornar-se também acontecimento na vida dos que o receberam, e estes irão também torná-lo em anúncio para outros, de tal forma que anúncio e acontecimento requerem-se um ao outro. Estou a chamar acontecimento à experiência interior que o anúncio provoca e que se assemelha ao que viveram as primeiras testemunhas da ressurreição, de tal forma que podemos dizer que a experiência de encontro com Cristo que os cristãos fazem hoje, é semelhante e está em continuidade com o das primeiras testemunhas.

O 3º tempo apresenta-nos as consequências deste acontecimento na vida daqueles que acolheram o anúncio e é-nos relatado na 2ª leitura da Carta aos Colossenses explicando-nos o efeito da ressurreição em nós. Diz que a fé na ressurreição, concretizada no batismo, deve levar-nos a viver uma vida nova, diferente daquela que levávamos antes de ter fé, «porque vós morrestes e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus». Isto é, o que deve ser visível agora na nossa vida são as atitudes novas que nos identificam com Cristo. São duas coisas importantes que o cristão renascido pela água e pelo Espírito não deve esquecer: a importância do anúncio para que outros cheguem à fé e a importância do testemunho da vida que diz a verdade da nossa experiência. «Este é o dia que o Senhor fez para nossa alegria e salvação». Deste túmulo vazio brotou uma Esperança infinita. Tudo foi renovado. A morte foi vencida. O mal, a violência e o ódio não são vencedores. O fermento de um mundo novo já está no meio da massa a germinar ainda que de uma forma muito suave. Alegremo-nos e exultemos no Senhor. Aleluia.

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