Folha Paroquial 28.01.2024 — Domingo IV Do Tempo Comum — Ano B

Missa

Antífona de entrada Sl 105, 47

Salvai-nos, Senhor nosso Deus,

e reuni-nos de todas as nações,

para dar graças ao vosso santo nome

e nos alegrarmos no vosso louvor.


Oração coleta

Concedei, Senhor nosso Deus,

que Vos adoremos de todo o coração

e amemos o próximo com sincera caridade.

Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus

e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo,

por todos os séculos dos séculos.



LEITURA I Deut 18, 15-20

«Farei surgir um profeta e porei as minhas palavras na sua boca»


A leitura evangélica vai apresentar Jesus como Mestre a ensinar. É o que também significa a palavra do profeta, aquele que fala em nome de Deus. Profeta foi no Antigo Testamento Moisés. Mas é o próprio Moisés quem, nesta leitura, anuncia o aparecimento de outro profeta, que surgirá depois dele. Todo o povo do Antigo Testamento o esperou, embora não o tivesse sabido reconhecer na pessoa de Jesus de Nazaré. Admirável é que Deus fale aos homens por meio de outros homens; mas as palavras que eles hão-de dizer são as palavras de Deus. Como Deus tudo faz para que a sua palavra esteja perto de nós!


LEITURA DO LIVRO DO DEUTERONÓMIO

Moisés falou ao povo, dizendo: «O Senhor teu Deus fará surgir no meio de ti, de entre os teus irmãos, um profeta como eu; a ele deveis escutar. Foi isto mesmo que pediste ao Senhor teu Deus no Horeb, no dia da assembleia: ‘Não ouvirei jamais a voz do Senhor meu Deus, nem verei este grande fogo, para não morrer’. O Senhor disse-me: ‘Eles têm razão; farei surgir para eles, do meio dos seus irmãos, um profeta como tu. Porei as minhas palavras na sua boca e ele lhes dirá tudo o que Eu lhe ordenar. Se alguém não escutar as minhas palavras que esse profeta disser em meu nome, Eu próprio lhe pedirei contas. Mas se um profeta tiver a ousadia de dizer em meu nome o que não lhe mandei, ou de falar em nome de outros deuses, tal profeta morrerá’».

Palavra do Senhor.



SALMO RESPONSORIAL Salmo 94 (95), 1-2.6-7.8-9 (R. cf. 8)

Refrão: Se hoje ouvirdes a voz do Senhor, não fecheis os vossos corações. Repete-se


Vinde, exultemos de alegria no Senhor,

aclamemos a Deus, nosso Salvador.

Vamos à sua presença e dêmos graças,

ao som de cânticos aclamemos o Senhor. Refrão


Vinde, prostremo-nos em terra,

adoremos o Senhor que nos criou;

pois Ele é o nosso Deus

e nós o seu povo, as ovelhas do seu rebanho. Refrão


Quem dera ouvísseis hoje a sua voz:

«Não endureçais os vossos corações,

como em Meriba, como no dia de Massa no deserto,

onde vossos pais Me tentaram e provocaram,

apesar de terem visto as minhas obras». Refrão



LEITURA II 1 Cor 7, 32-35

«A virgem preocupa-se com os interesses do Senhor,

para ser santa»


O Apóstolo deseja que os cristãos vivam sem estarem prisioneiros de preocupações que os impeçam de servirem ao Senhor em liberdade de espírito. Por isso, vê no celibato consagrado ao Senhor, portanto por motivos de fé e de amor, uma forma superior de consagração de toda a pessoa, em corpo e espírito, ao serviço de Deus, mas que é sempre um dom seu.


Leitura da Primeira Epístola do apóstolo S. Paulo aos Coríntios

Irmãos: Não queria que andásseis preocupados. Quem não é casado preocupa-se com as coisas do Senhor, com o modo de agradar ao Senhor. Mas aquele que se casou preocupa-se com as coisas do mundo, com a maneira de agradar à esposa, e encontra-se dividido. Da mesma forma, a mulher solteira e a virgem preocupam-se com os interesses do Senhor, para serem santas de corpo e espírito. Mas a mulher casada preocupa-se com as coisas do mundo, com a forma de agradar ao marido. Digo isto no vosso próprio interesse e não para vos armar uma cilada. Tenho em vista o que mais convém e vos pode unir ao Senhor sem desvios.

Palavra do Senhor.



ALELUIA Mt 4, 16

Refrão: Aleluia. Repete-se

O povo que vivia nas trevas viu uma grande luz;

para aqueles que habitavam

na sombria região da morte

uma luz se levantou. Refrão



EVANGELHO Mc 1, 21-28

«Ensinava-os como quem tem autoridade»

O ensino de Jesus reveste-se de autoridade única, porque Ele é o Filho, Enviado de Deus, e, por isso, as suas palavras são a própria Palavra de Deus. Ele é realmente o Profeta por excelência. Para os escribas, que ensinavam as Escrituras, a autoridade vinha-lhes das mesmas Escrituras e da tradição; para Jesus a autoridade vem-lhe de Ele ser o Filho de Deus e seu Messias. Para o manifestar, Jesus expulsa o demónio, mostrando assim que o poder demoníaco cessa diante do seu poder. Ele é “o mais forte”, como noutra passagem se diz.

EVANGELHO DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO SEGUNDO SÃO MARCOS

Jesus chegou a Cafarnaum e quando, no sábado seguinte, entrou na sinagoga e começou a ensinar, todos se maravilhavam com a sua doutrina, porque os ensinava com autoridade e não como os escribas. Encontrava-se na sinagoga um homem com um espírito impuro, que começou a gritar: «Que tens Tu a ver connosco, Jesus Nazareno? Vieste para nos perder? Sei quem Tu és: o Santo de Deus». Jesus repreendeu-o, dizendo: «Cala-te e sai desse homem». O espírito impuro, agitando-o violentamente, soltou um forte grito e saiu dele. Ficaram todos tão admirados, que perguntavam uns aos outros: «Que vem a ser isto? Uma nova doutrina, com tal autoridade, que até manda nos espíritos impuros e eles obedecem-Lhe!». E logo a fama de Jesus se divulgou por toda a parte, em toda a região da Galileia.

Palavra da salvação.

MEDITAÇÃO DA PALAVRA DE DEUS

O povo de Israel pede a Moisés que lhes fale ele, que o ouvirão, mas que não lhe fale Deus pois têm

medo d’Ele. O medo de Deus é fruto de uma desconfiança original, de uma tentação demoníaca e de um pecado que vem das origens. O diabo sugere a Adão e Eva que Deus lhes mentiu ou que não lhes disse toda a verdade. Quando Eva diz à serpente informando o demónio de que não era verdade que Deus os proibisse de comer de todas as árvores do jardim, mas apenas de uma, porque se o fizessem, morreriam, a serpente diz-lhe: «não, não morrereis; porque Deus sabe que, no dia em que comerdes, abrir-se-ão os vossos olhos e sereis como Deus, ficareis a conhecer o bem e o mal.» E assim gera a desconfiança no coração de Adão e Eva levando-os ao pecado.

Essa desconfiança vemo-la também no texto do evangelho de hoje quando o demónio diz a Jesus: «Vieste para nos perder?» Esta desconfiança entrou no pensamento cultural moderno através dos vários filósofos da chamada morte de Deus, isto é, do desaparecimento de Deus do nosso horizonte e do nosso coração, pois Deus impediria o homem da sua máxima realização. E há hoje muita gente que tem medo de se entregar a Deus pois pensa que ele nos impede de viver bem a vida! É verdade que houve uma certa religião que pregou esse medo e que há ainda gente que deseja que a Igreja seja mais doutrinária, que apresente mais regras para todos e mostre o castigo divino aos prevaricadores. Mas isso não é o pensamento de Jesus. Basta abrirmos o evangelho para nos deparamos com a Boa Nova da alegria e do contentamento como nos mostra o evangelho de hoje.

O Papa Francisco gosta de colocar a palavra alegria em quase todos os seus documentos. O primeiro chamou-lhe a alegria do Evangelho. E começa este texto com estas palavras. «A Alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus. Quantos se deixam salvar por Ele são libertados do pecado, da tristeza, do vazio interior, do isolamento. Com Jesus Cristo, renasce sem cessar a alegria». Isto é o contrário de uma religião pesada de medos, obrigações e castigos. Jesus não veio para nos perder como diz o demónio, mas para nos salvar e abrir-nos o caminho da verdadeira alegria.

Diante do medo da ideia de um Deus poderoso, omnipotente e distante, o povo pede que esse Deus não lhe fale mas que envie alguém humano que lhes fale em nome de Deus. O interessante é que Deus diz a Moisés que «o povo tem razão». Diante dessa ideia que está na cabeça do povo, Deus pedagogicamente decide: «farei surgir para eles, do meio dos seus irmãos, um profeta como tu. Porei as minhas palavras na sua boca, e ele lhes dirá tudo o que Eu lhe ordenar.» Esta palavra teve a sua realização plena em Jesus de Nazaré. Ele é esse profeta poderoso em obras e palavras, como no-lo apresenta o evangelho de hoje.

Ele vem para curar em nós a imagem distorcida de Deus que nos transmitiram ou que nós criámos. Ele quis viver em tudo igual a nós exceto no pecado, para que nos aproximássemos dele cheios de confiança. Aliás, É Ele quem tem a iniciativa e se aproxima de nós, da nossa vida concreta, para nos dar esperança e luz. S. Marcos apresenta-nos esse Novo Moisés que é Jesus, a entrar na sinagoga, em dia de sábado, e a pôr-se a ensinar. Não nos é dito o conteúdo do seu ensino, mas ficamos a saber que todos se maravilhavam com as palavras que saíam da sua boca, porque os ensinava com autoridade. Esta autoridade não é uma força ou um poder exterior que se impõe a alguém mas nasce da coerência entre o que se diz e o que se faz.

Ele desperta nas pessoas a esperança. Fala-lhes de um Deus que as ama e as quer libertar e quando lhes fala, mostra-o, libertando um homem das cadeias do mal em que estava prisioneiro. Outra vez, dando-se conta de como as pessoas viviam sob o peso de tantas leis que tinham de cumprir para estar nas boas relações com Deus como lhes era ensinado, Ele diz-lhes: «Vinde a mim, vós que andais cansados e sobrecarregados (com o jugo da lei) e eu vos aliviarei, tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim que sou manso e humilde de coração e encontrareis alívio para as vossas almas.»

Estas palavras tocavam fundo na alma das pessoas que viviam pesos que lhes eram impostos e afirmavam: «apareceu entre nós um grande profeta. Deus visitou o seu povo». Deus ama-nos e vem para nos libertar dos nossos pesos e não para colocar em cima de nós pesos maiores que não conseguimos levar. Por vocação, os discípulos de Cristo são chamados a testemunhar Aquele que tem autoridade. A qualidade da sua vida cristã e a coerência entre as suas palavras e os seus atos são a garantia da credibilidade do seu testemunho. Este será tanto melhor recebido se ele se exprimir não pela imposição da lei ou pela argumentação, mas pelo compromisso da fé junto dos que mais precisam.

Perguntas para meditação pessoal:

Em que é que esta palavra pode ser libertadora para o que vivo neste momento? Toca-me nalgum

aspeto?

Tenho feito a experiência de que Jesus é realmente o libertador?

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