Folha Paroquial 12.11.2023 — 32º Domingo XXIX Do tempo Comum

Evangelho: Mt 25, 1-13

 

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos a seguinte parábola: «O reino dos Céus pode comparar-se a dez virgens, que, tomando as suas lâmpadas, foram ao encontro do esposo. Cinco eram insensatas e cinco eram prudentes. As insensatas, ao tomarem as suas lâmpadas, não levaram azeite consigo, enquanto as prudentes, com as lâmpadas, levaram azeite nas almotolias. Como o esposo se demorava, começaram todas a dormitar e adormeceram. No meio da noite ouviu-se um brado: ‘Aí vem o esposo; ide ao seu encontro’. Então, as virgens levantaram-se todas e começaram a preparar as lâmpadas. As insensatas disseram às prudentes: ‘Dai-nos do vosso azeite, que as nossas lâmpadas estão a apagar-se’. Mas as prudentes responderam: ‘Talvez não chegue para nós e para vós. Ide antes comprá-lo aos vendedores’. Mas, enquanto foram comprá-lo, chegou o esposo. As que estavam preparadas entraram com ele para o banquete nupcial; e a porta fechou-se. Mais tarde, chegaram também as outras virgens e disseram: ‘Senhor, senhor, abre-nos a porta’. Mas ele respondeu: ‘Em verdade vos digo: Não vos conheço’. Portanto, vigiai, porque não sabeis o dia nem a hora».

Meditação da Palavra de Deus

A liturgia deste domingo e a dos próximos, até à celebração da solenidade de Cristo Rei, que será no próximo dia 26 de novembro, trazem uma característica não só de final, mas também de acolhimento de um tempo novo. 

As leituras direcionam-nos para o final do tempo litúrgico que estamos a viver, para celebrarmos o tempo do Advento em preparação para o Natal do Senhor. Não é somente uma preparação para celebrar o Natal de forma simbólica. A liturgia deste domingo leva-nos também a refletir sobre a parusia, a segunda vinda de Cristo, orientando-nos para uma preparação vigilante na expectativa desse grande acontecimento prometido pelo Senhor, que é a Sua segunda vinda gloriosa e o encontro da Igreja como esposa que aguarda o seu esposa para as núpcias, como poderemos ver nas sagradas escrituras, no livro do Cânticos dos Cânticos.

A primeira leitura mostra-nos a sabedoria como dom de Deus que ilumina a nossa vida, não só para o encontro com o Senhor que virá, mas também para o encontro com o Senhor que vem todos os dias, dando-nos a oportunidade de termos a lâmpada da fé cheia com o óleo da caridade. A sabedoria é imagem de Deus que não se esconde, mas que se deixa encontrar facilmente. A leitura mostra-nos que Deus, como sabedoria, se antecipa no amor, pois quando pensamos que vamos à sua procura, é ele que está à nossa espera. 

Paulo ao escrever aos tessalonicenses anima esta comunidade para que não vivesse na tristeza a respeito daqueles que tinham morrido, mas exorta-os a acreditar que, se estamos no Senhor, não morremos, pois como Jesus ressuscitou de entre os mortos, também nós ressuscitaremos. A escatologia da vinda de Jesus, segundo São Paulo, não é para meter medo aos irmãos, com uma pregação de terror sobre o fim dos tempos. O medo não gera conversão, pois o Senhor deseja corações livres que o encontrem pelo amor, revelado na liturgia de hoje. 

Como cristãos, a nossa preparação para a segunda vinda de Cristo não é feita só pela liturgia ou, de forma emotiva, por celebrarmos este tempo litúrgico. A nossa preparação deve ser feita de uma forma ativa, que nos leve a uma vigilância na expectativa da vinda do noivo que se aproxima, como as virgens que esperam o noivo. As virgens prudentes e as insensatas representam cada um de nós que, nesta espera expectante, podemos ter lâmpadas, mas não ter o azeite necessário. Isto quer dizer que todos os batizados são lâmpadas, mas que nem sempre estão cheias do azeite do Espírito.

No domingo passado, Jesus ensinou-nos que não só devemos conhecer a lei, como também devemos viver aquilo que pregamos através de uma vivência da fé, pelo exemplo e pela palavra. Na vida espiritual podemos adormecer e dormitar, como as virgens. Estar preparados não significa que não tenhamos momentos em que caímos no sono da tristeza, do medo ou da dúvida. Estar preparados significa que, mesmo diante de tudo isso, a nossa lâmpada da fé não fica vazia. Mesmo passando por todas as tribulações da vida, aguardamos, com fé, a vinda do noivo que pode demorar, mas virá.

Pe. Francisco Silva.

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