Folha Paroquial 07.01.2024 — Domingo: Epifania do senhor – Solenidade — Ano B

DOMINGO: EPIFANIA DO SENHOR – SOLENIDADE

Branco – Ofício da solenidade. Te Deum.

† Missa própria, Glória, Credo, pf. da Epifania.

Missa

Epifania do Senhor

Missa do dia



Antífona de entrada Cf. Ml 3, 1; 1 Cron 29, 12

Eis que vem o Senhor soberano. A realeza, o poder e o império estão nas suas mãos.

Diz-se o Glória.



Oração coleta


Senhor nosso Deus, que neste dia revelastes o vosso Filho unigénito aos gentios guiados por uma estrela, a nós que já Vos conhecemos pela fé levai-nos a contemplar face a face a vossa glória. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.


LEITURA I Is 60, 1-6

«Brilha sobre ti a glória do Senhor»


Como uma cidade, construída sobre um monte, atrai o olhar de todos, ao ser iluminada pelo sol nascente, assim Jerusalém, iluminada pelo Nascimento de Jesus, atrai a si todos os povos, mergulhados na noite do pecado.

Será, porém, na Igreja, nova Jerusalém, que Deus reunirá todos os homens, para lhes dar a salvação. Será n’Ela que se constituirá, definitivamente, a comunidade dos povos. «A luz dos povos é Cristo – Mas a Sua luz resplandece no rosto da Sua Igreja» (LG. n.° 1). Ela é, na verdade, o sinal e o instrumento de união com Deus e de unidade de todo o género humano.



Leitura do Livro de Isaías

Levanta-te e resplandece, Jerusalém, porque chegou a tua luz e brilha sobre ti a glória do Senhor. Vê como a noite cobre a terra e a escuridão os povos. Mas, sobre ti levanta-Se o Senhor e a sua glória te ilumina. As nações caminharão à tua luz e os reis ao esplendor da tua aurora. Olha ao redor e vê: todos se reúnem e vêm ao teu encontro; os teus filhos vão chegar de longe e as tuas filhas são trazidas nos braços. Quando o vires ficarás radiante, palpitará e dilatar-se-á o teu coração, pois a ti afluirão os tesouros do mar, a ti virão ter as riquezas das nações. Invadir-te-á uma multidão de camelos, de dromedários de Madiã e Efá. Virão todos os de Sabá, trazendo ouro e incenso e proclamando as glórias do Senhor.

Palavra do Senhor.




SALMO RESPONSORIAL Salmo 71 (72), 2.7-8.10-11.12-13 (R. cf. 11)

Refrão: Virão adorar-Vos, Senhor,

todos os povos da terra. Repete-se

Ó Deus, concedei ao rei o poder de julgar

e a vossa justiça ao filho do rei.


Ele governará o vosso povo com justiça

e os vossos pobres com equidade. Refrão


Florescerá a justiça nos seus dias

e uma grande paz até ao fim dos tempos.

Ele dominará de um ao outro mar,

do grande rio até aos confins da terra. Refrão


Os reis de Társis e das ilhas virão com presentes,

os reis da Arábia e de Sabá trarão suas ofertas.

Prostrar-se-ão diante dele todos os reis,

todos os povos o hão-de servir. Refrão


Socorrerá o pobre que pede auxílio

e o miserável que não tem amparo.

Terá compaixão dos fracos e dos pobres

e defenderá a vida dos oprimidos. Refrão



LEITURA II Ef 3, 2-3a.5-6

Os gentios recebem a mesma herança prometida


O universalismo de Isaías era um pouco limitado; os estrangeiros não estavam em posição de igualdade com os filhos de Israel. S. Paulo, descrevendo o plano salvífico de Deus, proclama que todos os homens são chamados, igualmente, a ser herdeiros da Promessa.

Como consequência deste chamamento universal para a Fé, toda a separação, toda a discriminação, introduzidas na humanidade por culturas e civilizações, desaparecem. Todos são chamados a formar o verdadeiro Israel e a constituir um só Corpo – o Corpo Místico de Cristo – restabelecendo-se assim o plano primitivo de Deus acerca da humanidade, que era um projecto de unidade e amor.


Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Efésios


Irmãos: Certamente já ouvistes falar da graça que Deus me confiou a vosso favor: por uma revelação, foi-me dado a conhecer o mistério de Cristo. Nas gerações passadas, ele não foi dado a conhecer aos filhos dos homens como agora foi revelado pelo Espírito Santo aos seus santos apóstolos e profetas: os gentios recebem a mesma herança que os judeus, pertencem ao mesmo corpo e participam da mesma promessa, em Cristo Jesus, por meio do Evangelho.

Palavra do Senhor.



ALELUIA Mt 2, 2

Refrão: Aleluia. Repete-se

Vimos a sua estrela no Oriente

e viemos adorar o Senhor. Refrão


EVANGELHO Mt 2, 1-12

«Viemos do Oriente adorar o Rei»


Frente ao mistério do Nascimento de Jesus, S. Mateus procura, sobretudo, contemplá-Lo à Luz do primeiro encontro do mundo pagão com o Salvador, de que os magos são as primícias e os representantes. Sublinhando, de modo expressivo, a universalidade da Mensagem cristã, dirigida a todos os homens, mesmo àqueles que, segundo as concepções estreitas do Judaísmo, viviam fora da Geografia e da História da Salvação, o evangelista mostra como na visita dos Magos, se realizam as profecias do A. T.

Não deixa também de o impressionar, em contraste com o orgulho e cegueira de Herodes e dos sábios de Israel, a boa vontade dos Magos, que, atentos aos sinais dos Tempos, se dispõem a correr a aventura da Fé.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus

Tinha Jesus nascido em Belém da Judeia, nos dias do rei Herodes, quando chegaram a Jerusalém uns Magos vindos do Oriente. «Onde está – perguntaram eles – o rei dos judeus que acaba de nascer? Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-l’O». Ao ouvir tal notícia, o rei Herodes ficou perturbado e, com ele, toda a cidade de Jerusalém. Reuniu todos os príncipes dos sacerdotes e escribas do povo e perguntou-lhes onde devia nascer o Messias. Eles responderam: «Em Belém da Judeia, porque assim está escrito pelo Profeta: ‘Tu, Belém, terra de Judá, não és de modo nenhum a menor entre as principais cidades de Judá, pois de ti sairá um chefe, que será o Pastor de Israel, meu povo’». Então Herodes mandou chamar secretamente os Magos e pediu-lhes informações precisas sobre o tempo em que lhes tinha aparecido a estrela. Depois enviou-os a Belém e disse-lhes: «Ide informar-vos cuidadosamente acerca do Menino; e, quando O encontrardes, avisai-me, para que também eu vá adorá-l’O». Ouvido o rei, puseram-se a caminho. E eis que a estrela que tinham visto no Oriente seguia à sua frente e parou sobre o lugar onde estava o Menino. Ao ver a estrela, sentiram grande alegria. Entraram na casa, viram o Menino com Maria, sua Mãe, e, prostrando-se diante d’Ele, adoraram-n’O. Depois, abrindo os seus tesouros, ofereceram-Lhe presentes: ouro, incenso e mirra. E, avisados em sonhos para não voltarem à presença de Herodes, regressaram à sua terra por outro caminho.

Palavra da salvação.

MEDITAÇÃO DA PALAVRA DE DEUS

O que significa Epifania?

No mundo greco-romano, as pessoas utilizavam este termo para falar da aparição, ou manifestação pública de uma divindade, ou da chegada triunfal de um soberano a uma cidade,

vindo sentado no seu trono. S. Paulo utiliza esta palavra na sua carta a Tito 2,13 a propósito da primeira vinda de Jesus, do seu nascimento, e da sua segunda vinda. No século IV, os cristãos chamaram epifania à celebração do nascimento de Jesus e às diversas manifestações que envolveram este nascimento. Foi assim que começaram a celebrar o Natal e a Epifania tanto no Oriente como no Ocidente. A epifania tornou-se no Oriente na festa do batismo do Senhor, enquanto que em Roma se comemorava a adoração dos Magos. Hoje, na Igreja Católica Romana continuamos a comemorar este acontecimento da adoração dos Magos. Contemplando este mistério insólito é-nos revelado «este mistério que, não foi dado a conhecer aos filhos dos homens, como agora foi revelado pelo Espírito Santo aos seus santos apóstolos e profetas». Este mistério é o da manifestação de Cristo a todas as nações e não só a Israel.

E se fizéssemos um exercício de imaginação? (Pode inclusivamente ser representado por uma figura feminina que faz o papel de Maria e uma criança da catequese que faz de Jesus.) Jesus, crescendo, não se lembra da adoração dos Magos, mas Maria guardava todas as coisas no seu coração e nunca mais se esquecerá. Um dia, sentados em casa enquanto José trabalha na carpintaria, Jesus com a idade de 7-8 anos pergunta a sua mãe: “Mamã, conta-me a história dos magos e da estrela. Maria então, docemente, pegando-o nos braços, diz-lhe ternamente: —«Muito bem, meu filho, vou contar-te: Tu eras muito pequenino, acabado de nascer, e teu pai e eu, estávamos ainda em Belém, quando, de repente, batem à porta uns homens vestidos de roupas nobres e belas. Vinham de muito longe, do país onde o sol se levanta, da terra de nosso pai Abraão, a quem Deus, por causa da sua fé, prometeu uma descendência tão numerosa como a das estrelas do céu (Gn 26,4). Eram grandes sábios e tinham visto no céu uma estrela, sinal de um acontecimento de dimensões cósmicas.

Talvez tenham tido um sonho ou uma revelação, não sei. Eles tinham lido nos nossos mais antigos escritos, a Tora, a história tão bela de Balaão, o profeta pagão, como eles, que tinha anunciado que uma estrela se levantaria em Israel, um rei que dominaria numerosos povos (Nm 24,7-17). Partiram durante a noite, seguindo o caminho de Abraão, para honrar o rei dos judeus, em nome de toda a humanidade… Chegados a Jerusalém, consultando os especialistas das Santas Escrituras, foram confirmados de que a sua interpretação dos astros estava correta: O rei dos judeus – que nós chamamos Messias, ou Cristo – deveria nascer em Belém, na cidade de David. Como já sabes, teu pai, José, é da descendência de David. E por causa do recenseamento imperial, nós estávamos em Belém quando nasceste. Imediatamente, os magos vieram ate nós sem hesitação, pois a estrela apareceu-lhes de novo, depois de, sem saberem porquê, se ter eclipsado em Jerusalém. Estes grandes homens, cheios do desejo de Deus, não se importaram com a humildade e a pequenez do lugar onde estávamos, e da nossa condição social, estes estrangeiros adoraram-te como Rei e Criador das estrelas. E ofereceram-te presentes: Ouro, incenso e mirra. Eram magníficos estes magos, vestidos como estavam de roupas reais deslumbrantes! Eles rejubilavam de alegria, porque nas trevas do nosso mundo, reconheciam-te como a verdadeira estrela, o sol de justiça, a luz do mundo, o Filho de Deus… E eu também exultava, porque me lembrava do oráculo de Isaías acerca de Jerusalém “Levanta-te e resplandece, Jerusalém, porque chegou a tua luz e brilha sobre ti a glória do Senhor. Vê como a noite cobre a terra, e a escuridão os povos. Mas sobre ti levanta-Se o Senhor, e a Sua glória te ilumina. (…) todos se reúnem e vêm ao teu encontro; os teus filhos vão chegar de longe, e as tuas filhas são trazidas nos braços. Quando o vires ficarás radiante, palpitará e dilatar-se-á o teu coração”. Era isso que me estava a acontecer e lágrimas de alegria saíam dos olhos porque Deus é fiel e cumpre tudo o que os nossos profetas disseram. Até tu, meu filho, participaste nessa alegria pois levantavas os braços para os Magos tentando balbuciar e eles agarravam-te em seus braços e choravam de alegria! Depois ofereceram-te presentes que ainda guardo connosco e que já foram ao Egipto e voltaram: Ouro, incenso e mirra.

— Mamã, explica-me ainda o que significa para o plano de meu Pai a vinda dos Magos de tão longe?

— Meu filho, estes magos, estrangeiros à aliança de Deus, foram conduzidos por Deus até ti, luz do mundo. Foram esses estrangeiros, e não teólogos de Jerusalém, que abriram os seus corações à esperança, porque para lá do seu gesto pessoal, eles representavam também as nações que não conhecem o verdadeiro Deus e o seu filho Jesus Cristo. Eles representavam os povos “que caminharão para a tua luz”.

— Obrigado Mamã, gosto muito das histórias que me contas sobre Deus!». Caros irmãos e irmãs, como aos Magos, a S. Paulo, no princípio, a Santo Agostinho, 4 séculos depois, e a uma multidão incontável que nos precedeu, a revelação de Deus também nos é feita a nós hoje “em espírito e verdade”. Cada vez que somos capazes de discernir o corpo de Cristo no mais pequeno dos nossos irmãos, cada vez que na Eucaristia sabemos discernir a sua presença e, como os Magos, o adoramos e o recebemos, não só na nossa boca, mas sobretudo no nosso coração, cada vez que o reconhecemos presente nos gestos de paz, de reconciliação e de bondade feitos por quem quer que seja, ainda que não pertença ao nosso grupo de cristãos, temos uma epifania do Senhor. Então, abramos os olhos para ver Deus presente no meio de nós: Bela epifania hoje e até à eternidade!

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