Sexta-feira da semana XXI
Martírio de São João Batista
Nota Histórica
Memória
A Igreja celebra neste dia o martírio de João Batista, que o rei Herodes Antipas fez prisioneiro na fortaleza de Maqueronte, na atual Jordânia, e que, na festa do seu aniversário, a pedido da filha de Herodíades, mandou degolar. Deste modo, o Precursor do Senhor, como luz que arde e ilumina, deu testemunho da verdade, tanto na vida como na morte.
Missa
Antífona de entrada Cf. Sl 118, 46-47
Diante dos reis anunciei a vossa palavra e não me envergonharei. Alegro-me nos vossos mandamentos, que muito amo, Senhor.
Oração coleta
Senhor nosso Deus, que quisestes que são João fosse o Precursor do nascimento e da morte do vosso Filho, concedei-nos que, assim como ele deu a sua vida pela justiça e pela verdade, também nós saibamos lutar corajosamente pelo testemunho da verdade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.
LEITURA I Jer 1, 17-19
«Vai dizer-lhes tudo o que Eu te ordenar: não temas diante deles»
Leitura do Livro de Jeremias
Naqueles dias, o Senhor dirigiu-me a palavra, dizendo: «Cinge os teus rins e levanta-te, para ires dizer tudo o que Eu te ordenar. Não temas diante deles, senão serei Eu que te farei temer a sua presença. Hoje mesmo faço de ti uma cidade fortificada, uma coluna de ferro e uma muralha de bronze, diante de todo este país, dos reis de Judá e dos seus chefes, diante dos sacerdotes e do povo da terra. Eles combaterão contra ti, mas não poderão vencer-te, porque Eu estou contigo para te salvar». Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 70 (71), 1-2.3-4a.5-6ab.15ab e 17 (R. cf. 15ab)
Refrão: A minha boca proclamará a vossa salvação.
Em Vós, Senhor, me refugio,
jamais serei confundido.
Pela vossa justiça, defendei-me e salvai-me,
prestai ouvidos e libertai-me.
Sede para mim um refúgio seguro,
a fortaleza da minha salvação.
Vós sois a minha defesa e o meu refúgio:
meu Deus, salvai-me do pecador.
Sois Vós, Senhor, a minha esperança,
a minha confiança desde a juventude.
Desde o nascimento Vós me sustentais,
desde o seio materno sois o meu protetor.
A minha boca proclamará a vossa justiça,
dia após dia a vossa infinita salvação.
Desde a juventude Vós me ensinais
e até hoje anunciei sempre os vossos prodígios.
ALELUIA Mt 5, 10
Refrão: Aleluia. Repete-se
Bem-aventurados os que sofrem perseguição
por amor da justiça,
porque deles é o reino dos Céus. Refrão
EVANGELHO Mc 6, 17-29
«Quero que me dês sem demora, num prato, a cabeça de João Baptista»
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
Naquele tempo, o rei Herodes mandara prender João e algemá-lo no cárcere, por causa de Herodíades, a mulher do seu irmão Filipe, que ele tinha tomado por esposa. João dizia a Herodes: «Não podes ter contigo a mulher do teu irmão». Herodíades odiava João Baptista e queria dar-lhe a morte, mas não podia, porque Herodes respeitava João, sabendo que era justo e santo, e por isso o protegia. Quando o ouvia, ficava perturbado, mas escutava-o com prazer. Entretanto, chegou um dia oportuno, quando Herodes, no seu aniversário natalício, ofereceu um banquete aos grandes da corte, aos oficiais e às principais personalidades da Galileia. Entrou então a filha de Herodíades, que dançou e agradou a Herodes e aos convidados. O rei disse à jovem: «Pede-me o que desejares e eu to darei». E fez este juramento: «Dar-te-ei o que me pedires, ainda que seja a metade do meu reino». Ela saiu e perguntou à mãe: «Que hei de pedir?». A mãe respondeu-lhe: «Pede a cabeça de João Baptista». Ela voltou apressadamente à presença do rei e fez-lhe este pedido: «Quero que me dês sem demora, num prato, a cabeça de João Baptista». O rei ficou consternado, mas por causa do juramento e dos convidados, não quis recusar o pedido. E mandou imediatamente um guarda, com ordem de trazer a cabeça de João. O guarda foi à cadeia, cortou a cabeça de João e trouxe-a num prato. A jovem recebeu-a e entregou-a à mãe. Quando os discípulos de João souberam a notícia, foram buscar o seu cadáver e deram-lhe sepultura. Palavra da salvação.
Oração sobre as oblatas
Recebei, Senhor, estes dons que Vos apresentamos, e dai-nos a graça de andar sempre pelos caminhos da santidade, que são João [Batista] proclamou, clamando no deserto, e confirmou com o testemunho do seu sangue. Por Cristo nosso Senhor.
Prefácio A missão do Precursor
V. O Senhor esteja convosco.
R. Ele está no meio de nós.
V. Corações ao alto.
R. O nosso coração está em Deus.
V. Dêmos graças ao Senhor nosso Deus.
R. É nosso dever, é nossa salvação.
Senhor, Pai santo, Deus eterno e omnipotente, é verdadeiramente nosso dever, é nossa salvação dar-Vos graças, sempre e em toda a parte, por nosso Senhor Jesus Cristo. Ao celebrarmos hoje a glória do Precursor são João, proclamado o maior entre os filhos dos homens, anunciamos as vossas maravilhas: antes de nascer, ele exultou de alegria, sentindo a presença do Salvador; quando veio ao mundo, muitos se alegraram pelo seu nascimento; foi ele, entre todos os Profetas, que mostrou o Cordeiro que tira o pecado do mundo; nas águas do Jordão, ele batizou o autor do Batismo e, desde então, a água viva tem poder de santificar os crentes; por fim, deu o mais belo testemunho de Cristo, derramando por Ele o seu sangue. Por isso, com os coros celestes, proclamamos, na terra, a vossa glória, dizendo (cantando) numa só voz: Santo, Santo, Santo, Senhor Deus do universo. O céu e a terra proclamam a vossa glória. Hossana nas alturas. Bendito O que vem em nome do Senhor. Hossana nas alturas.
Antífona da comunhão Jo 3, 27.30
Disse João aos seus discípulos: É preciso que Ele cresça e eu diminua.
Oração depois da comunhão
Ao celebrarmos o martírio de são João [Batista], concedei-nos, Senhor, que veneremos com fé viva os sacramentos de salvação que recebemos e nos alegremos com a sua ação em nós. Por Cristo nosso Senhor.
Liturgia das Horas
Das Homilias de São Beda Venerável, presbítero
(Hom. 23: CCL 122, 354.356-357) (Sec. VIII)
Precursor de Cristo no nascimento e na morte
O santo precursor do nascimento, da pregação e da morte do Senhor, mostrou no momento da sua luta suprema uma coragem digna de atrair o olhar de Deus. Como diz a Escritura: Se aos olhos dos homens foi atormentado, a sua esperança estava cheia de imortalidade. Com razão celebramos festivamente o dia do seu novo nascimento, dia que ele tornou memorável com a sua própria morte e ilustrou com a gloriosa púrpura do seu sangue. Merecidamente veneramos com alegria espiritual a memória daquele que selou com o martírio o testemunho que dera do Senhor.
São João sofreu a prisão e as cadeias e deu a sua vida em testemunho do nosso Redentor, a quem devia preparar os caminhos. Não lhe foi pedido pelo perseguidor que negasse a Cristo, mas que calasse a verdade. E no entanto, ele morreu por Cristo. Cristo disse: Eu sou a verdade. Por isso, foi por Cristo que São João derramou o seu sangue, porque foi pela verdade que o derramou. Se com o seu nascimento, a sua pregação e o seu baptismo dera testemunho de Cristo que havia de nascer, pregar e baptizar, também com o seu martírio precursor deu testemunho da futura paixão do Senhor.
Assim terminou a sua vida este homem tão insigne e valoroso, derramando o seu sangue depois de longo e penoso cativeiro. Ele que anunciara a liberdade duma paz superior, é lançado pelos ímpios na prisão; é encerrado na escuridão do cárcere aquele que veio para dar testemunho da luz e a quem a própria Luz, que é Cristo, denominou como uma lâmpada que arde e alumia; e foi baptizado com o próprio sangue aquele a quem foi concedido baptizar o Redentor do mundo, ouvir a voz do Pai que falava do Filho, ver a graça do Espírito Santo que descia sobre Ele. Por isso, longe de lhe parecer penoso, era pelo contrário fácil e desejável para ele suportar pela verdade os tormentos temporais, que lhe faziam antever a recompensa das alegrias eternas.
A morte não era para João Baptista apenas uma realidade inevitável da natureza ou uma dura necessidade. Ele desejou a como o melhor modo de confessar o nome de Cristo e receber assim a palma da vida eterna. Bem diz o Apóstolo: A vós foi concedido por Cristo não só acreditar n’Ele, mas também sofrer por Ele. E se ele diz que sofrer por Cristo é um dom concedido aos eleitos, é porque os sofrimentos do tempo presente não têm comparação com a glória futura que se há de manifestar em nós.




