Folha Paroquial 25.02.2024 — Domingo II Da Quaresma — Ano B

Missa

Antífona de entrada Cf. Sl 26, 8-9

Diz-me o coração: «Procurai a face do Senhor».

A vossa face, Senhor, eu procuro;

não escondais de mim o vosso rosto.


Ou: Cf. Sl 24, 6.2.22

Lembrai-vos, Senhor, das vossas misericórdias

e das vossas graças que são eternas.

Não triunfe sobre nós o inimigo.

Senhor, livrai-nos de todo o mal.


Não se diz o Glória.


Oração coleta

Senhor nosso Deus, que nos mandais ouvir o vosso amado Filho, fortalecei-nos com o alimento interior da vossa palavra, de modo que, purificado o nosso olhar espiritual, possamos alegrar-nos um dia na visão da vossa glória. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.


LEITURA I Gen 22, 1-2.9a.10-13.15-18

O sacrifício do nosso Patriarca Abraão

Depois da história de Noé, no domingo passado, lemos hoje a história de Abraão e do sacrifício de seu filho Isaac, sobre o monte Moriá. Mas Deus nunca quis sacrifícios humanos. Abraão demonstrou a sua vontade de completa obediência a Deus e recuperou o seu filho, vivo, que assim se tornou uma figura de Cristo na sua ressurreição.


Leitura do Livro do Génesis

Naqueles dias, Deus quis pôr à prova Abraão e chamou-o: «Abraão!». Ele respondeu: «Aqui estou». Deus disse: «Toma o teu filho, o teu único filho, a quem tanto amas, Isaac, e vai à terra de Moriá, onde o oferecerás em holocausto, num dos montes que Eu te indicar. Quando chegaram ao local designado por Deus, Abraão levantou um altar e colocou a lenha sobre ele. Depois, estendendo a mão, puxou do cutelo para degolar o filho. Mas o Anjo do Senhor gritou-lhe do alto do Céu: «Abraão, Abraão!». «Aqui estou, Senhor», respondeu ele. O Anjo prosseguiu: «Não levantes a mão contra o menino, não lhe faças mal algum. Agora sei que na verdade temes a Deus, uma vez que não Me recusaste o teu filho, o teu filho único». Abraão ergueu os olhos e viu atrás de si um carneiro, preso pelos chifres num silvado. Foi buscá-lo e ofereceu-o em holocausto, em vez do filho. O Anjo do Senhor chamou Abraão do Céu pela segunda vez e disse-lhe: «Por Mim próprio te juro – oráculo do Senhor – já que assim procedeste e não Me recusaste o teu filho, o teu filho único, abençoar-te-ei e multiplicarei a tua descendência como as estrelas do céu e como a areia das praias do mar, e a tua descendência conquistará as portas das cidades inimigas. Porque obedeceste à minha voz, na tua descendência serão abençoadas todas as nações da terra».

Palavra do Senhor.


SALMO RESPONSORIAL Salmo 115 (116), 10 e 15. 16-17.18-19 (R. Salmo 114 (115), 9)

Refrão: Andarei na presença do Senhor

sobre a terra dos vivos. Repete-se

Ou: Caminharei na terra dos vivos

na presença do Senhor. Repete-se


Confiei no Senhor, mesmo quando disse:

«Sou um homem de todo infeliz».

É preciosa aos olhos do Senhor

a morte dos seus fiéis. Refrão


Senhor, sou vosso servo, filho da vossa serva:

quebrastes as minhas cadeias.

Oferecer-Vos-ei um sacrifício de louvor,

invocando, Senhor, o vosso nome. Refrão


Cumprirei as minhas promessas ao Senhor

na presença de todo o povo,

nos átrios da casa do Senhor,

dentro dos teus muros, Jerusalém. Refrão


LEITURA II Rom 8, 31b-34

«Deus não poupou o seu próprio Filho»

Esta leitura mostra como Jesus realiza até ao fim a figura de Isaac, anunciada na leitura anterior, e como o amor de Abraão é imagem do amor infinito de Deus pelos homens. Deus, que não quis que Abraão Lhe oferecesse o filho em sacrifício, permitiu que o seu muito amado filho Jesus fosse sacrificado, em expiação dos nossos pecados. De facto, toda a história da salvação atinge o seu ponto mais alto em Nosso Senhor Jesus Cristo.


Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Romanos


Irmãos: Se Deus está por nós, quem estará contra nós? Deus, que não poupou o seu próprio Filho, mas O entregou à morte por todos nós, como não havia de nos dar, com Ele, todas as coisas? Quem acusará os eleitos de Deus, se Deus os justifica? E quem os condenará, se Cristo morreu e, mais ainda, ressuscitou, está à direita de Deus e intercede por nós?
Palavra do Senhor.


ACLAMAÇÃO ANTES DO EVANGELHO

Refrão: Louvor a Vós, Jesus Cristo, Rei da eterna glória. Repete-se

No meio da nuvem luminosa, ouviu-se a voz do Pai:

«Este é o meu Filho muito amado: escutai-O». Refrão


EVANGELHO Mc 9, 2-10

«Este é o meu Filho muito amado»

A Transfiguração, lida neste Domingo, depois de, no Domingo anterior, ter sido escutada a tentação, faz com ela, como que num grande painel de duas alas, uma espécie de grande abertura da Quaresma: mortificação e glorificação, tentação e glória, morte e ressurreição; são elas, de facto, a síntese do Mistério Pascal que vamos celebrar na Páscoa. Jesus vive em Si o mistério que a sua Igreja agora celebra, e que ela viverá até à sua própria Transfiguração.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos

Naquele tempo, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João e subiu só com eles para um lugar retirado num alto monte e transfigurou-Se diante deles. As suas vestes tornaram-se resplandecentes, de tal brancura que nenhum lavadeiro sobre a terra as poderia assim branquear. Apareceram-lhes Moisés e Elias, conversando com Jesus. Pedro tomou a palavra e disse a Jesus: «Mestre, como é bom estarmos aqui! Façamos três tendas: uma para Ti, outra para Moisés, outra para Elias». Não sabia o que dizia, pois estavam atemorizados. Veio então uma nuvem que os cobriu com a sua sombra e da nuvem fez-se ouvir uma voz: «Este é o meu Filho muito amado: escutai-O». De repente, olhando em redor, não viram mais ninguém, a não ser Jesus, sozinho com eles. Ao descerem do monte, Jesus ordenou-lhes que não contassem a ninguém o que tinham visto, enquanto o Filho do homem não ressuscitasse dos mortos. Eles guardaram a recomendação, mas perguntavam entre si o que seria ressuscitar dos mortos.

Palavra da salvação.

MEDITAÇÃO DA PALAVRA DE DEUS

Como é bom estarmos aqui !

Como diz Coeleth, na vida há um tempo para tudo; Também há tempo, felizmente, para nosdeliciarmos de paz e felicidade e exclamarmos: «Como é bom estarmos aqui)! Aproveitemos estes momentos, quando acontecem, e dilatemo-los para que durem mais e possam dar sabor, força, alegria e esperança ao outros momentos da vida mais monótonos e difíceis.

Tal como o deserto no evangelho de Domingo passado, também a montanha é, na bíblia, “um lugar teológico”, quer dizer, um lugar simbólico do encontro com Deus. Nos evangelhos Jesus sobe à montanha muitas vezes. Quando chamou os Doze (Mc 3,13), quando proclamou as Bem-aventuranças do reino, no chamado sermão da Montanha (Mt 5,1), na multiplicação dos pães, segundo S. João, ( Jo 6,3). Na realidade nem há grandes montanhas em Israel, mas o importante não é isso. Subir à montanha reenvia-nos para a monte do Sinai, onde Moisés se encontrou face a face com Deus e recebeu a sua vocação. Também o profeta Elias, depois de caminhar no deserto, durante quarenta dias, chega ao Monte Horeb- outro nome do Sinai- e encontra-se pessoalmente com o Deus vivo. O evangelista ao dizer-nos que apareceram junto de Jesus, Moisés e Elias , está a mostrar-nos que Jesus está na corrente desses homens que subiram ao Monte para se encontrarem com o Deus vivo e verem a sua glória, ou dizendo melhor; estes dois grandes servos de Deus apontavam para Jesus, o próprio Filho de Deus, que por momentos, parece deixar ofuscada a sua incarnação, para transparecer a sua divindade. Ele é o Novo Moisés que nos traz a nova lei, e vem para libertar o povo da escravidão do pecado pela sua morte e ressurreição. O Pai, lá nos céus, testemunha: «Este é o meu filho muito amado; escutai-O.

Deus oferece-nos na nossa caminhada às vezes dura, nesta terra, momentos que nos dão força, alegria ânimo e esperança. Tantas vezes encontro na Eucaristia dominical, esse Tabor semanal, onde tudo ganha sentido. A comunidade sobe ao Monte ao encontro de Deus, para estar com Ele e o escutar. E Deus desce para se encontrar connosco e nos falar. Revela-nos o Seu Filho, presente no meio de nós, vencedor da morte e do pecado, que se oferece a nós na Sua Palavra e no seu corpo entregue e transfigurado pela ressurreição. Comungando a sua vida resplandecente e vencedora somos chamados a ser também luz e a deixarmos que a nossa vida seja “metamorfoseada”, pela união com Ele e pelo trabalho interior da nossa conversão.

Mas «se é bom estarmos ali», é preciso também descermos, como o próprio Jesus desceu para continuar o caminho para a sua Páscoa. Ainda não chegámos aos novos céus e à nova terra. No mundo ainda há muito pecado, injustiças, pobreza, sofrimento e dor. Nós mesmos sentimos em nós que ainda temos tanto para nos convertermos e depressa nos deixamos seduzir pelos ídolos do mundo. Mas depois da transfiguração, depois da subida ao monte semanal da Eucaristia, sentimo-nos mais fortes para fazer a caminhada da cruz e do combate contra o mal.

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