Folha Paroquial 05.11.2023 — 31º Domingo XXIX Do tempo Comum

Evangelho: Mt 23, 1-12 

Naquele tempo, Jesus falou à multidão e aos discípulos, dizendo: «Na cadeira de Moisés sentaram-se os escribas e os fariseus. Fazei e observai tudo quanto vos disserem, mas não imiteis as suas obras, porque eles dizem e não fazem. Atam fardos pesados e põem-nos aos ombros dos homens, mas eles nem com o dedo os querem mover. Tudo o que fazem é para serem vistos pelos homens: alargam os filactérios e ampliam as borlas; gostam do primeiro lugar nos banquetes e dos primeiros assentos nas sinagogas, das saudações nas praças públicas e que os tratem por ‘Mestres’. Vós, porém, não vos deixeis tratar por ‘Mestres’, porque um só é o vosso Mestre e vós sois todos irmãos. Na terra não chameis a ninguém vosso ‘Pai’, porque um só é o vosso pai, o Pai celeste. Nem vos deixeis tratar por ‘Doutores’, porque um só é o vosso doutor, o Messias. Aquele que for o maior entre vós será o vosso servo. Quem se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado».

Meditação da Palavra de Deus

Talvez algumas pessoas ao ouvir o texto do evangelho poderão pensar: «Bem, hoje, isto é para as autoridades. Por isso, não tem nada a ver comigo, que não sou autoridade nem religiosa nem civil.  O facto é que há diferentes níveis de autoridade e todos nós temos alguma.  É certo que quanto maior é a autoridade, maior a responsabilidade. Ser autoridade é ser líder, palavra moderna que vem do inglês, e não faz parte da tradição do vocabulário cristão, mas conhecendo o seu significado, podemos dizer que as leituras, falam-nos do que deve ser um bom líder de qualquer organização mesmo civil e muito mais religiosa. E todos somos líderes nalguma situação, nem que seja como pais de família.

No evangelho, Jesus previne-nos para um conjunto de tentações a que estão expostos todos os que exercem alguma autoridade: Papa, bispos, padres, diáconos, catequistas, animadores leigos de qualquer grupo eclesial. Mas também pais, professores, e outras situações de liderança. Cada um se reveja, pois poucos poderão dizer que «isto não lhes diz respeito», pois são fraquezas em que todos poderemos cair. E quanto maior for a posição de autoridade, maior é o risco.

1ª Tentação: «Eles dizem e não fazem»: Este engano é de tal forma humano que numerosos comentários judeus à Bíblia insistem sobre a importância de praticar o que se ensina. O líder melhor é o que lidera pelo exemplo. A esse seguem-no e admiram-no.

2ª Tentação: Praticar a autoridade como dominação e não como serviço: “Atam fardos pesados e põem-nos aos ombros dos homens, mas eles nem com o dedo os querem mover”. O ter, o saber e o poder podem ser pretexto ao domínio autoritarista e à superioridade, quando isso podia e devia ser vivido como um meio maravilhoso de servir os outros: Não deveremos, além disso, esquecer que tudo o que possuímos é-nos confiado como uma responsabilidade a exercer em benefício de todos.  

 3ª Tentação: Querer parecer: «Tudo o que fazem é para serem vistos pelos homens». Quem nunca caiu nesta armadilha de gostar de parecer, de atrair sobre si a atenção e o interesse dos outros? Muitas vezes este gosto desmedido é uma dependência a revelar insegurança e ou vaidade. Porque é uma tentação para todos exige vigilância da nossa parte.

4ª Tentação: Pensar que se é importante, ter o gosto desmedido das honras. «Gostam do primeiro lugar nos banquetes e dos primeiros assentos nas sinagogas, das saudações nas praças públicas e que os tratem por “Mestres”. No entanto, os títulos, as honras, têm o seu sentido; mas não é a pessoa que tem o título que está em jogo, mas mais profundamente os valores que ela representa. É preciso ser muito humilde para ser portador dos títulos que lhe confere o seu cargo, sem cair no ridículo. 

Depois desta enumeração de tentações do líder, Jesus muda de tom, como que numa reviravolta, e proclama solenemente: «Vós porém», é a chave deste texto que nos convida a um novo modo de vida e de relação. S. Mateus já o tinha dito noutro passo mais acima que não foi lido no texto de hoje: «Os chefes das nações exercem sobre elas o seu poder e os grandes deste mundo o seu domínio, mas não deve ser assim entre vós. Ao contrário, se alguém quer ser grande entre vós que se faça vosso servo…». Vós, porém, não vos deixeis tratar por ‘Mestres’, porque um só é o vosso Mestre e vós sois todos irmãos. Na terra não chameis a ninguém vosso ‘Pai’, porque um só é o vosso pai, o Pai celeste. Que a nossa relação com Deus nos ajude a transfomar as nossas relações humanas e a viver como filhos de Deus que somos para que vivamos como irmãos transformando este mundo em reino de Deus. 

 

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