Folha Paroquial 11.02.2024 — Domingo VI Do Tempo Comum — Ano B

Missa

Antífona de entrada Cf. Sl 30, 3-4

Sede a rocha do meu refúgio, Senhor,

e a fortaleza da minha salvação.

Para glória do vosso nome, guiai-me e conduzi-me.


Oração coleta

Senhor nosso Deus, que prometestes estar presente nos corações retos e sinceros, ajudai-nos, com a vossa graça, a viver de tal modo que mereçamos ser vossa morada. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.

LEITURA I Lev 13, 1-2.44-46

«O leproso deverá morar à parte, fora do acampamento»


Esta leitura prepara-nos para melhor compreendermos a do Evangelho. Ali Jesus vai curar um doente de lepra. Nesta leitura, são recordadas as prescrições da Lei do Antigo Testamento a respeito dos leprosos. A situação destes doentes era verdadeiramente infeliz. Tanto mais se poderá ver na cura que o Senhor fez um sinal do seu poder e da sua misericórdia.


Leitura do Livro do Levítico

O Senhor falou a Moisés e a Aarão, dizendo: «Quando um homem tiver na sua pele algum tumor, impigem ou mancha esbranquiçada, que possa transformar-se em chaga de lepra, devem levá-lo ao sacerdote Aarão ou a algum dos sacerdotes, seus filhos. O leproso com a doença declarada usará vestuário andrajoso e o cabelo em desalinho, cobrirá o rosto até ao bigode e gritará: ‘Impuro, impuro!’. Todo o tempo que lhe durar a lepra, deve considerar-se impuro e, sendo impuro, deverá morar à parte, fora do acampamento».

Palavra do Senhor.



SALMO RESPONSORIAL Salmo 31 (32), 1-2.5.7.11 (R. 7)

Refrão: Sois o meu refúgio, Senhor;

dai-me a alegria da vossa salvação. Repete-se


Feliz daquele a quem foi perdoada a culpa

e absolvido o pecado.

Feliz o homem a quem o Senhor

não acusa de iniquidade

e em cujo espírito não há engano. Refrão


Confessei-vos o meu pecado

e não escondi a minha culpa.

Disse: Vou confessar ao Senhor a minha falta

e logo me perdoastes a culpa do pecado. Refrão


Vós sois o meu refúgio, defendei-me dos perigos,

fazei que à minha volta só haja hinos de vitória.

Alegrai-vos, justos, e regozijai-vos no Senhor,

exultai, vós todos os que sois rectos de coração. Refrão



LEITURA II 1 Cor 10, 31 – 11, 1

«Sede meus imitadores, como eu o sou de Cristo»


Paulo propõe-se a si mesmo como modelo aos cristãos, porque ele tem por modelo o próprio Cristo. O que ele pretende é que ninguém seja ocasião de pecado para os outros, mas antes de edificação e de salvação.


Leitura da Primeira Epístola do apóstolo S. Paulo aos Coríntios

Irmãos: Quer comais, quer bebais, ou façais qualquer outra coisa, fazei tudo para glória de Deus. Portai-vos de modo que não deis escândalo nem aos judeus, nem aos gregos, nem à Igreja de Deus. Fazei como eu, que em tudo procuro agradar a toda a gente, não buscando o próprio interesse, mas o de todos, para que possam salvar-se. Sede meus imitadores, como eu o sou de Cristo.
Palavra do Senhor.

EVANGELHO Mc 1, 40-45

«A lepra deixou-o e ele ficou limpo»


Uma vez mais, Jesus Se mostra Senhor da vida. Por outro lado, mostra-Se livre em relação à Lei e superior a ela: toca no doente, o que era contrário à Lei, mas manda que o homem curado se vá mostrar aos sacerdotes, o que era exigência da Lei. Jesus é realmente a fonte da vida nova; Ele é hoje o Ressuscitado.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos

Naquele tempo, veio ter com Jesus um leproso. Prostrou-se de joelhos e suplicou-Lhe: «Se quiseres, podes curar-me». Jesus, compadecido, estendeu a mão, tocou-lhe e disse: «Quero: fica limpo». No mesmo instante o deixou a lepra e ele ficou limpo. Advertindo-o severamente, despediu-o com esta ordem: «Não digas nada a ninguém, mas vai mostrar-te ao sacerdote e oferece pela tua cura o que Moisés ordenou, para lhes servir de testemunho». Ele, porém, logo que partiu, começou a apregoar e a divulgar o que acontecera, e assim, Jesus já não podia entrar abertamente em nenhuma cidade. Ficava fora, em lugares desertos, e vinham ter com Ele de toda a parte.

Palavra da salvação.

MEDITAÇÃO DA PALAVRA DE DEUS

O Cardeal Reniero Cantalamessa, pregador da casa pontifícia, lembrava, numa das suas pregações na Quaresma de 2022, que as leituras bíblicas escutadas na liturgia assumem um sentido novo e mais forte do que quando lidas em outros contextos. Não têm tanto a finalidade de conhecer melhor a Bíblia, como quando é lida em casa ou numa escola bíblica, quanto a de reconhecer aquele que se faz presente no partir o pão, de iluminar a cada vez um aspeto particular do mistério que está por se receber. Lembrou ainda que, na Missa, as palavras e os episódios da Bíblia não são apenas narrados, mas revividos; a memória torna- se realidade e presença. O que aconteceu “naquele tempo”, acontece “neste tempo”, “hoje” como a liturgia gosta de se expressar. Nós não somos apenas ouvintes da palavra, mas interlocutores e atores nela. Somos chamados a assumir o lugar dos personagens evocados. Reniero Cantalamessa deu o seu próprio testemunho:

«Uma vez, escutava no Evangelho o episódio de Zaqueu e fui tocado pela “atualidade”. Eu era Zaqueu; eram dirigidas a mim as palavras: “Hoje eu devo ficar na tua casa”; era de mim que se podia dizer: “Ele foi hospedar-se na casa de um pecador!”, e era a mim, após tê-lo recebido na comunhão, que Jesus dizia: “Hoje a salvação entrou nesta casa” (cf. Lc 19,9)». Fiz esta introdução para ajudar a escutar de uma forma mais viva e interpelativa este texto do evangelho bem como todos os outros.

O Evangelho de hoje começa a sua narração da seguinte forma: «Naquele tempo, veio ter com Jesus um leproso.» Lembremo-nos: O que aconteceu “naquele tempo”, acontece hoje, “neste tempo”. Como poderei colocar-me no lugar do leproso? Não tenho lepra, mas não sou um necessitado de cura e salvação? Do que é que eu preciso de ser curado(a) neste momento?

Poderei talvez estar a viver um luto difícil que me consome na tristeza, na dor e na solidão? Poderei estar a viver um momento doloroso nas relações familiares ou outras? Poderei estar a sentir-me incapaz de vencer um pecado ou um vício na minha vida? Ou então poderei estar a sofrer com uma doença que me angustia porque me limita a esperança e me dá medo? Enfim, cada um de nós pode colocar-se hoje na situação daquele homem que sofre uma doença que lhe corrói o corpo, entristece a alma e o separa dos outros.

O que faz ele? Venceu os medos, transgrediu até a lei, e ousadamente, «prostrou-se de joelhos e suplicou-Lhe: “Se quiseres, podes curar-me”.» Como é que Jesus poderia não querer curá-lo se Ele disse que veio ao mundo «para que tenhamos vida e vida em abundância?» A compaixão de Jesus revela o estremecimento de Deus diante da nossa dor e miséria. Ele quer libertar-nos dos medos, do mal, e da tristeza. Ele veio para inaugurar um reino onde já não haverá mais dor, mais lágrimas, doenças e morte. Tudo será novo. Mas, por agora, até que cheguemos à plenitude do reino temos apenas os sinais de que ele já está no meio de nós: «Os cegos vêem e os coxos andam, os leprosos ficam limpos e os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e a Boa-Nova é anunciada aos pobres (Mt 11,5).»

Jesus responde à súplica do leproso dizendo: «Quero: fica limpo. No mesmo instante o deixou a lepra e ficou limpo.» Quando nos colocamos diante de Jesus, com a fé e a humildade do leproso do evangelho de hoje e de tantos outros necessitados que se aproximaram d’Ele, nunca saímos na mesma. Ele estende sempre a Sua mão e toca-nos com a sua divina graça para nos curar e salvar. Diz o papa Francisco no início da Evangelii Gaudium: «Quantos se deixam salvar por Ele são libertados do pecado, da tristeza, do vazio interior, do isolamento.»

Para quem crê em Jesus há sempre esperança e pode renascer sempre a alegria. Essa alegria às vezes é tão grande que a não podemos conter. Desejamos contar a todos o que Ele fez por nós. A melhor evangelização, se calhar a única que tem direito a esse nome, é quando testemunhamos o que Ele fez por nós salvando-nos do pecado, da tristeza, do vazio interior e de tudo o que nos tira a alegria e a paz. Em cada Eucaristia celebramos a salvação que Ele nos ofereceu pela sua morte e ressurreição abrindo-nos a ela. É no hoje de cada Eucaristia que podemos acolher a salvação. «Hoje a salvação entrou nesta casa».

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