Folha Paroquial 03.12.2023 — 1º Domingo XXIX Do Advento — Ano B

Missa

Para Vós, Senhor, elevo a minha alma. Meu Deus, em Vós confio.
Não seja confundido nem de mim escarneçam os inimigos.
Não serão confundidos os que esperam em Vós.

Oração coleta
Despertai, Senhor, nos vossos fiéis a vontade firme de se prepararem, pela prática das boas obras, para irem ao encontro de Cristo, de modo que, chamados um dia à sua direita, mereçam alcançar o reino dos céus. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.

 LEITURA I Is 63, 16b-17.19b; 64, 2b-7

«Oh se rasgásseis os céus e descêsseis»

O Advento começa com um profundo suspiro de fé e de esperança dirigido ao Senhor, “nosso Pai”, “nosso Redentor”, semelhante aos que subiam da boca e do coração dos nossos antepassados na fé, os santos do Antigo Testamento, que viveram antes da vinda do Filho de Deus. Não vamos agora imaginar-nos nos tempos antes de Cristo; mas vamos criar em nós desejos profundos de que Ele, que já veio ao mundo e está no meio de nós, seja por nós reconhecido e acolhido como nosso Salvador, Ele que, de novo, há-de vir e por quem suspiramos.

Leitura do livro de Isaías

Vós, Senhor, sois nosso Pai e nosso Redentor, desde sempre, é o vosso nome. Porque nos deixais, Senhor, desviar dos vossos caminhos e endurecer o nosso coração, para que não Vos tema? Voltai, por amor dos vossos servos e das tribos da vossa herança. Oh se rasgásseis os céus e descêsseis! Ante a vossa face estremeceriam os montes! Mas vós descestes e perante a vossa face estremeceram os montes. Nunca os ouvidos escutaram, nem os olhos viram que um Deus, além de Vós, fizesse tanto em favor dos que n’Ele esperam. Vós saís ao encontro dos que praticam a justiça e recordam os vossos caminhos. Estais indignado contra nós, porque pecámos e há muito que somos rebeldes, mas seremos salvos. Éramos todos como um ser impuro, as nossas acções justas eram todas como veste imunda. Todos nós caímos como folhas secas, as nossas faltas nos levavam como o vento. Ninguém invocava o vosso nome, ninguém se levantava para se apoiar em Vós, porque nos tínheis escondido o vosso rosto e nos deixáveis à mercê das nossas faltas. Vós, porém, Senhor, sois nosso Pai e nós o barro de que sois o Oleiro; somos todos obra das vossas mãos.
Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial Salmo 79 (80), 2ac e 3b. 15-16.18-19 (R. 4)

Refrão: Senhor nosso Deus, fazei-nos voltar,
mostrai-nos o vosso rosto e seremos salvos.
Repete-se

Pastor de Israel, escutai,
Vós que estais sentado sobre os Querubins, aparecei.
Despertai o vosso poder
e vinde em nosso auxílio. Refrão

Deus dos Exércitos, vinde de novo,
olhai dos céus e vede, visitai esta vinha.
Protegei a cepa que a vossa mão direita plantou,
o rebento que fortalecestes para Vós. Refrão

Estendei a mão sobre o homem que escolhestes,
sobre o filho do homem que para Vós criastes;
e não mais nos apartaremos de Vós:
fazei-nos viver e invocaremos o vosso nome. Refrão

LEITURA II 1 Cor 1, 3-9

Esperamos a manifestação de Nosso Senhor Jesus Cristo
O Advento começa por ser o tempo litúrgico especialmente voltado para a última vinda do Senhor. É o tempo da expectativa, vivido na esperança, aguardando a aparição gloriosa do Senhor, que virá coroar o tempo da Igreja com a glória da sua ressurreição. É, portanto, para esta Igreja tempo de vigilância, para que o Dia do Senhor a encontre irrepreensível.

Leitura da Primeira Epístola do apóstolo S. Paulo aos Coríntios
Irmãos: A graça e a paz vos sejam dadas da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo. Dou graças a Deus, em todo o tempo, a vosso respeito, pela graça divina que vos foi dada em Cristo Jesus. Porque fostes enriquecidos em tudo: em toda a palavra e em todo o conhecimento; e deste modo, tornou-se firme em vós o testemunho de Cristo. De facto, já não vos falta nenhum dom da graça, a vós que esperais a manifestação de Nosso Senhor Jesus Cristo. Ele vos tornará firmes até ao fim, para que sejais irrepreensíveis no dia de Nosso Senhor Jesus Cristo. Fiel é Deus, por quem fostes chamados à comunhão com seu Filho, Jesus Cristo, Nosso Senhor.
Palavra do Senhor.

ALELUIA Salmo 84 (85), 8

Refrão: Aleluia. Repete-se
Mostrai-nos, Senhor, a vossa misericórdia
e dai-nos a vossa salvação. Refrão

Evangelho: Mc 13, 33-37 

«Vigiai, porque não sabeis quando virá o dono da casa»
A vigilância, já apontada na leitura anterior, é agora inculcada, com todo o rigor, pelo próprio Senhor Jesus. Esta vida é como longa vigília, com os seus tempos sucessivos (as quatro vigílias da noite referidas no texto) aguardando o sol nascente – Cristo – que vem do alto, como todas as manhãs recordamos na Hora de Laudes. A solenidade do Natal, a que o Advento nos conduzirá, vem, em cada ano, antecipar simbolicamente aquela vinda gloriosa do Senhor no último dia, o dia que nos introduz na “vida do mundo que há-de vir”.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Acautelai-vos e vigiai, porque não sabeis quando chegará o momento. Será como um homem que partiu de viagem: ao deixar a sua casa, deu plenos poderes aos seus servos, atribuindo a cada um a sua tarefa, e mandou ao porteiro que vigiasse. Vigiai, portanto, visto que não sabeis quando virá o dono da casa: se à tarde, se à meia-noite, se ao cantar do galo, se de manhãzinha; não se dê o caso que, vindo inesperadamente, vos encontre a dormir. O que vos digo a vós, digo-o a todos: Vigiai!».
Palavra da salvação.

Meditação da Palavra de Deus

1. Às portas do Natal: Alegrai-vos no Senhor!

Para o mundo comercial o Natal já chegou desde outubro. As luzes e os enfeites natalícios dão ar de festa às partes comerciais da cidade, mas não onde as pessoas vivem e residem. Aqui, no Natal do comércio, não há tempo de espera, não há advento e também não há necessidade de vigiar. Mas o nosso Natal é o de Jesus e pede preparação e vigilância, embora não deixe de provocar em nós uma alegria nova. A preparação de uma festa já nos coloca a viver por antecipação aqueles sentimentos de alegria próprios da festa.

E como não havemos de viver a alegria que o advento já nos anuncia? O Senhor vem ao encontro do seu povo, para ser o Emanuel, Deus connosco. Como diz Paulo, na segunda leitura: «Já não nos falta nenhum dom da graça, a vós que esperais a manifestação de Nosso Senhor Jesus Cristo». Nós esperamo-lo para que Ele nos encha da sua graça.

2. «Vigiai» pela oração e pelo testemunho da vida

 E para nos prepararmos para a sua vinda o que Ele nos diz é: «Vigiai». O verbo aparece repetido três vezes, no início, no meio e no fim como que unindo toda a mensagem que Jesus nos quer transmitir, não só a nós, seus discípulos, mas a todos:  «O que vos digo a vós, digo-o a todos: Vigiai!» Trata-se, portanto, de um convite insistente e universal de Cristo a ter uma atitude sábia na espera do Seu regresso, como a de qualquer servo que espera o regresso certo do seu senhor. 

O que significa vigiar? Ou, se quisermos, para não ser algo passivo, mas ativo, em que consistirá, na prática essa atitude de vigilância? O imperativo de Jesus «vigiai» tem o sentido de «Orai». Jesus explica-o bem em Lc 21,36, «Velai, pois, orando continuamente». E este ensinamento foi bem guardado pelos apóstolos e pelas primeiras comunidades cristãs. Assim em Efésios 8,18, diz S. Paulo: «servindo-vos de toda a espécie de orações e preces, orai em todo o tempo no Espírito; e para isso, vigiai com toda a perseverança e com preces por todos os santos», ou em 1 Pd5,8: «sede sóbrios e vigiai, pois, o vosso adversário, o diabo, como um leão a rugir, anda a rondar-vos, procurando a quem devorar.  Podíamos continuar com outras passagens com o mesmo imperativo de vigiar, orando.

Portanto um dos aspetos do vigiar, é a oração constante.

Na primeira leitura que é uma oração, Isaías pergunta: «Porque nos deixais, Senhor, desviar dos vossos caminhos e endurecer o nosso coração, para que não vos tema?»

Aqui o verbo «temer» não tem o sentido de ter medo, mas de reverência, respeito, amor.  A experiência do orante é a nossa. Amando o Senhor e desejando permanecer n’Ele, sentimos muitas vezes a tentação de nos desviarmos do caminho que Ele nos propõe e fazer a nossa vontade em vez da d’Ele. Sabemos que o caminho não é aquele, mas endurecemos o coração justificando a nossa consciência para não obedecermos à voz de Deus, O pecado é isto. O profeta Isaías pergunta: Senhor, porque permites isto? Porque permites que nos desviemos de ti e te viremos as costas?

S. Cláudio de la Colombière, santo Jesuíta, pedia a Deus que lhe tirasse a liberdade de pecar. Mas essa é a oração que Deus não escuta. Deus criou-nos livres para amar e, por isso também para rejeitar Deus. Amar a Deus tem de ser uma escolha nossa. Se permanecemos no amor e na graça de Deus orando em todo o tempo, Deus não nos falta com a sua graça para permanecermos n’Ele, mas se deixamos de orar, somos como os ramos da videira que se separam da cepa e murcham antes de morrer. «Sem mim, nada podeis fazer», disse Jesus. Por isso a vigilância na oração.

Mas a vigilância não é só na oração. É no testemunho da fé e das obras. Na segunda leitura, Paulo escreve aos Coríntios dizendo-lhes: Acolhestes a graça de Cristo e por isso «tornou-se firme em vós o testemunho de Cristo.

Há muita gente nas nossas paróquias que dão um testemunho espantoso de amor a Cristo e aos outros. Que cresça cada vez mais em nós este testemunho e que ele atraia outros ao verem que Cristo está no meio de nós. Santo Advento!

Mais recentes