Missa
Antífona de entrada Cf. Sl 37, 22-23
Não me abandoneis, Senhor; meu Deus, não Vos afasteis de mim. Senhor, socorrei-me e salvai-me.
Oração coleta
Deus omnipotente e misericordioso, de quem procede a graça de Vos servirmos fiel e dignamente, fazei-nos caminhar, sem obstáculos, para os bens por Vós prometidos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.
LEITURA I Deut 6, 2-6
«Escuta, Israel: Amarás o Senhor com todo o teu coração»
Amar a Deus de todo o coração, acima de todas as coisas, é lei fundamental para todo o homem. Não é novidade trazida por Cristo; constitui princípio absoluto já no Antigo Testamento. Jesus há de recordá-lo para o levar depois à perfeição. Não é por acaso que o povo judaico, já desde o Antigo Testamento, introduziu esta passagem bíblica na sua oração da manhã diária. Nós também agora a lemos na oração da noite (Completas) na Véspera de cada domingo.
Leitura do Livro do Deuteronómio
Moisés dirigiu-se ao povo, dizendo: «Temerás o Senhor, teu Deus, todos os dias da tua vida, cumprindo todas as suas leis e preceitos que hoje te ordeno, para que tenhas longa vida, tu, os teus filhos e os teus netos. Escuta, Israel, e cuida de pôr em prática o que te vai tornar feliz e multiplicar sem medida na terra onde corre leite e mel, segundo a promessa que te fez o Senhor, Deus de teus pais. Escuta, Israel: o Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todas as tuas forças. As palavras que hoje te prescrevo ficarão gravadas no teu coração».
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 17 (18), 2-3.4.47.50-51ab (R. 2)
Refrão: Eu Vos amo, Senhor:
Vós sois a minha força. Repete-se
Eu Vos amo, Senhor, minha força,
minha fortaleza, meu refúgio e meu libertador,
meu Deus, auxílio em que ponho a minha confiança,
meu protetor, minha defesa e meu salvador. Refrão
Invoquei o Senhor – louvado seja Ele –
e fiquei salvo dos meus inimigos.
Viva o Senhor, bendito seja o meu protetor;
exaltado seja Deus, meu salvador. Refrão
Senhor, eu Vos louvarei entre os povos
e cantarei salmos ao vosso nome.
O Senhor dá ao seu Rei grandes vitórias
e usa de bondade para com o seu Ungido. Refrão
LEITURA II Heb 7, 23-28
«Porque permanece para sempre, possui um sacerdócio eterno»
Na continuação dos domingos anteriores, a leitura da Epístola aos Hebreus aprofunda o sentido do sacerdócio de Cristo; ele é superior ao da Antiga Aliança, porque é intransmissível, por isso, eterno. Na glória da ressurreição, em que vive agora para sempre, Jesus intercede por nós, e as ações sacerdotais da Igreja sobre a terra significam e tornam operante para os homens de todos os tempos e lugares o sacerdócio eterno de Jesus Cristo.
Leitura da Epístola aos Hebreus
Irmãos: Os sacerdotes da antiga aliança sucederam-se em grande número, porque a morte os impedia de durar sempre. Mas Jesus, que permanece eternamente, possui um sacerdócio eterno. Por isso pode salvar para sempre aqueles que por seu intermédio se aproximam de Deus, porque vive perpetuamente para interceder por eles. Tal era, na verdade, o sumo sacerdote que nos convinha: santo, inocente, sem mancha, separado dos pecadores e elevado acima dos céus, que não tem necessidade, como os sumos sacerdotes, de oferecer cada dia sacrifícios, primeiro pelos seus próprios pecados, depois pelos pecados do povo, porque o fez de uma vez para sempre quando Se ofereceu a Si mesmo. A Lei constitui sumos sacerdotes homens revestidos de fraqueza, mas a palavra do juramento, posterior à Lei, estabeleceu o Filho sumo sacerdote perfeito para sempre.
Palavra do Senhor.
ALELUIA Jo 14, 23
Refrão: Aleluia. Repete-se
Se alguém Me ama, guardará a minha palavra, diz o Senhor;
meu Pai o amará e faremos nele a nossa morada. Refrão
EVANGELHO Mc 12, 28b-34
«Amarás o Senhor teu Deus. Amarás o teu próximo»
Na Nova Aliança, Jesus, o Filho de Deus, leva à perfeição o primeiro mandamento da Lei, o amor de Deus, e declara o amor para com o próximo, o segundo mandamento, semelhante ao primeiro. Reconhecê-lo e aceitá-lo é já um grande dom e o ponto de partida para o pôr em prática. Foi assim a primeira atitude do escriba; e Jesus louvou-o por isso. Ele estava já no bom caminho.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo S. Marcos
Naquele tempo, aproximou-se de Jesus um escriba e perguntou-Lhe: «Qual é o primeiro de todos os mandamentos?». Jesus respondeu: «O primeiro é este: ‘Escuta, Israel: O Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu entendimento e com todas as tuas forças’. O segundo é este: ‘Amarás o teu próximo como a ti mesmo’. Não há nenhum mandamento maior que estes». Disse-Lhe o escriba: «Muito bem, Mestre! Tens razão quando dizes: Deus é único e não há outro além d’Ele. Amá-l’O com todo o coração, com toda a inteligência e com todas as forças, e amar o próximo como a si mesmo, vale mais do que todos os holocaustos e sacrifícios». Ao ver que o escriba dera uma resposta inteligente, Jesus disse-lhe: «Não estás longe do reino de Deus». E ninguém mais se atrevia a interrogá-l’O.
Palavra da salvação.
Meditação da Palavra de Deus
Voltar ao essencial
No momento em que escrevo estas palavras estou em retiro, em Fátima. Quem prega é uma freira americana que não perde tempo com grandes elucubrações teológicas, mas vai direta ao essencial da fé, àquilo que realmente importa e transforma a vida. O amor de Deus por nós e a nossa resposta a esse amor. Padres e leigos corremos continuamente o risco de resvalarmos para um ativismo como se Deus não fosse preciso para nada, pois, de qualquer modo, nós é que fazemos tudo à nossa maneira e não damos grande espaço a Deus para que Ele nos inspire para fazermos ao seu jeito.
Disse Jesus a Marta quando a viu tão nervosa: «Marta, Marta, andas atarefada e ansiosa com tanta coisa, e uma só é necessária. Maria escolheu a melhor parte que não lhe será tirada». Qual é essa única coisa necessária? A nossa relação com Deus! A pergunta do escriba mostra que ele desejava viver uma verdadeira relação com Deus mas sentia-se perdido na sua fé porque era impossível a alguém cumprir todos os 613 preceitos que constam na Torá, os cinco livros de Moisés.
Jesus descansa-o dizendo-lhe que todos os preceitos se sintetizam num só mandamento desdobrado em dois. Quais são? O primeiro é: «Amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu entendimento e com todas as tuas forças». Ou seja, Jesus está a dizer que o amor a Deus deve envolver a totalidade do nosso ser; as nossas emoções e desejos mais profundos, a nossa energia e capacidades, as nossas escolhas, as nossas decisões, tudo deve estar ordenado e harmonizado a partir deste amor divino, porque se amamos a Deus é porque primeiro fizemos a experiência salvadora e inaudita do seu amor por nós.
Ninguém ama a Deus se não fez primeiro a experiência de que Ele nos amou primeiro. Assim, o nosso amor é uma resposta tímida ao seu amor por nós. Mas uma pergunta pode surgir: E como tenho a certeza que estou a amar a Deus? Deus não se vê. Não me poderei enganar? Se amas a Deus de verdade, é porque Deus já colocou o seu amor no teu coração tornando-te capaz de bondade para com todos.
Daí a segunda parte do mandamento: «Amarás o teu próximo como a ti mesmo». Um coração pacífico, bondoso, misericordioso, compassivo, humilde e manso, isto é, que se relaciona com os outros com estes sentimentos é um coração que ama a Deus com todas as forças, mas que também se ama a si mesmo. Este “amor a si mesmo” não tem nada de amor-próprio que seria egoísmo.
Amor a si mesmo é “gostar de si”, estar contente com quem é, com os dons que Deus lhe deu, é viver em harmonia com o seu interior. E cada um de nós pode concluir: Eu creio no amor de Deus por mim e experimento-o cada dia, mas reconheço que o meu amor por Ele, manifestado nos irmãos, não é assim tão generoso, altruísta, bondoso, humilde e manso. Mas já é um grande passo saberes isso. Foi o que Jesus gostou de ver no escriba que o levou a dizer-lhe: «Não estás longe do reino de Deus». O escriba não era perfeito, mas já estava no caminho.
Já depois da ressurreição, junto ao lago de Tiberíades, em Cafarnaum, Jesus pergunta a Pedro se Ele o amava. Pedro, porventura lembrando-se das suas três negações, tem consciência de que embora amando Jesus, o seu amor é frágil e responde: «Sim, Senhor eu sou deveras teu amigo». O nosso amor a Jesus será sempre pobre, mas o importante é que vamos fazendo caminho amando-o cada vez mais nos irmãos. Neste início da semana dos seminários pedimos a Deus que os jovens possam experimentar de tal forma o amor de Deus que alguns se sintam capazes de o amar ao ponto de lhe entregarem a vida no sacerdócio.
Oração sobre as oblatas
Senhor, fazei que este sacrifício seja, para Vós, uma oblação pura e, para nós, o dom generoso da vossa misericórdia. Por Cristo nosso Senhor.
Antífona da comunhão Cf. Sl 15, 11
O Senhor me ensinará o caminho da vida, a seu lado viverei na plenitude da alegria.
Ou: Cf. Jo 6, 58
Assim como o Pai que Me enviou é o Deus vivo e Eu vivo pelo Pai, também o que Me come viverá por Mim, diz o Senhor.
Oração depois da comunhão
Multiplicai em nós, Senhor, os frutos da vossa graça, para que os sacramentos celestes,
que nos alimentam na vida presente, nos preparem para alcançarmos a herança prometida.
Por Cristo nosso Senhor.