A Natividade de Maria: O Início da Esperança Cristã

O Significado da Natividade de Maria

No calendário litúrgico da Igreja Católica, apenas três nascimentos são solenemente celebrados: a Natividade de Jesus Cristo (25 de dezembro), a de São João Batista, o seu precursor (24 de junho), e a da Virgem Maria, a sua Mãe Santíssima (8 de setembro). Esta escolha revela a importância única destas três figuras centrais ligadas ao mistério da Encarnação e da Redenção.

O sentido teológico do nascimento de Maria

O nascimento da Virgem Maria representa um ponto de encontro entre o Antigo e o Novo Testamento. Com Ele, encerra-se a etapa da promessa e da esperança e inicia-se a era da graça, plenamente realizada em Cristo.

Maria nasceu para uma missão específica: ser a Mãe do Salvador. A sua vida está inseparavelmente ligada à de Jesus, fazendo parte de um único plano de predestinação e de graça. Assim, tal como a Encarnação do Verbo, o nascimento de Maria insere-se no coração da História da Salvação.

Tradição sobre o nascimento da Virgem

Apesar de o seu nascimento não estar descrito na Sagrada Escritura, uma antiga tradição piedosa refere que os seus pais, São Joaquim e Santa Ana, eram estéreis durante muitos anos. À semelhança de Sara (Gn 21,2) e de Isabel (Lc 1), Ana concebeu em idade avançada, dando à luz Maria, aquela que seria a Mãe do Redentor.

Celebração litúrgica

A Igreja celebra a Natividade da Virgem Maria a 8 de setembro, exatamente nove meses após a solenidade da Imaculada Conceição (8 de dezembro). A escolha desta data não tem tanto valor histórico, mas antes um sentido litúrgico, recordando os mistérios associados à vida de Maria, tal como se faz entre a Anunciação (25 de março) e o Natal (25 de dezembro).

Sobre a sua vinda ao mundo, Santo Agostinho afirmava:
“Ela é a flor do campo, da qual brotou o lírio precioso dos vales. Pelo seu nascimento, a natureza recebida dos nossos primeiros pais é transformada.”

A importância da Natividade de Maria

O nascimento da Virgem é essencial porque está intimamente ligado ao plano divino da salvação. O Catecismo da Igreja Católica (n.º 489) explica que, ao longo da Antiga Aliança, várias mulheres santas prepararam o caminho para Maria: Eva, Sara, Ana (mãe de Samuel), Débora, Judite, Ester e muitas outras.

Maria distingue-se entre os pobres e humildes de Israel que, confiando no Senhor, receberam Dele a salvação. Nela, a espera de séculos chega ao cumprimento, e inaugura-se um novo tempo de esperança.

Como celebrar esta festa

Os cristãos podem honrar a Virgem Maria de várias formas no dia do seu nascimento. Participar na Eucaristia, rezar o Rosário, meditar nos episódios da sua vida nas Escrituras (como a Anunciação, a Visitação ou as Bodas de Caná) são algumas das práticas mais comuns.

Em ambiente familiar, sobretudo com crianças, também é tradicional fazer um gesto festivo, como preparar um bolo em honra da Mãe de Deus, recordando-a como nossa Mãe espiritual.

O nascimento de Maria e a Imaculada Conceição

Embora Maria tenha sido concebida e nascida de forma natural, a sua singularidade está na graça recebida desde o primeiro instante da sua existência. Diferente de nós, que somos purificados do pecado pelo Batismo, Maria foi preservada do pecado original desde a sua conceção, razão pela qual a Igreja a invoca como “cheia de graça” (Lc 1,28).

Os pais da Virgem Maria: São Joaquim e Santa Ana

São Joaquim e Santa Ana são venerados como os pais da Virgem Maria. Segundo a tradição, não tiveram outros filhos, pelo que Maria não teve irmãos.

O nascimento de Maria foi considerado milagroso porque Ana concebeu em idade avançada e após longos anos de esterilidade. A sua história encontra paralelo na de Isabel, mãe de João Batista.

Desde tempos antigos, Joaquim e Ana são reconhecidos como padroeiros dos avós, sendo os únicos avós biológicos de Jesus. Santa Ana é ainda padroeira das mães, das donas de casa, dos carpinteiros e dos mineiros.

Embora não haja referências diretas a Santa Ana no Novo Testamento, o seu nome e o de Joaquim são conhecidos através do Protoevangelho de Tiago, um escrito apócrifo do século II. Este texto, ainda que não faça parte da Escritura, preserva alguns elementos de tradições judaicas que ajudam a compreender a piedade popular.

O nome Ana, de origem hebraica (Hannah), significa “graça”.

Por isso, a Natividade da Virgem Maria, celebrada a 8 de setembro, não é apenas a recordação do nascimento da Mãe de Jesus, mas o sinal da realização das promessas divinas. A sua vinda ao mundo inaugura um tempo novo, em que a esperança dá lugar à plenitude da graça.

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