Lembro-me da sua primeira missa em S. João Batista. Ao entrar na igreja, vinha tenso, por causa de um problema ocorrido pouco antes, que desconhecíamos. Já estava connosco, mas parecia estar ainda longe. O padre Francisco falava português, mas era estrangeiro e, por isso, mais vulnerável. A verdade é que entrou facilmente na história da paróquia e das pessoas, pelo seu coração enorme. Falava com uma voz potente, que se assemelhava à de uma criança, no modo como captava a atenção, o gosto e o amor de todos. Dentro e fora da paróquia, aprendemos a vê-lo como um irmão, de quem tudo se espera, sem qualquer constrangimento.

Às vezes o padre Francisco dizia que não sabia falar. Não era um artifício, mas humildade verdadeira. Pois a prova de que falava bem, o mesmo é dizer ao coração de todos, é que as pessoas elogiavam as suas homilias e confiavam nele. Francisco falou sempre de Jesus Cristo, seu Mestre e Salvador. Falou muitas vezes com desassombro, fiel ao depósito da Fé.

Ao despedir-me dele na sua última missa, disse-lhe, com um forte abraço, que ele foi o mais amado. Sou testemunha de dezenas de pessoas que choravam de alegria pelo amigo que preferiam não ver partir, mas que não vão esquecer. Sim, foi o mais amado, porque tem um coração de ouro. As nossas casas continuam abertas ao amigo. E sabemos que ele virá, porque não sabe viver sozinho, mas para e com os outros, sem fingimento.

João Caetano